Filme brasileiro apela para a realidade. Os longas norte-americanos apelam para explosões e cenas mirabolantes. Capitão Nascimento (Wagner Moura), de Tropa de Elite, é um sujeito que trabalha, 90% dos momentos, com a lógica e precisão no seu dia-a-dia. Vin Diesel e Dwayne Johnson, da franquia Velozes e Furiosos, mostram como é que as coisas têm de ser no Rio de Janeiro.
É assim que Velozes e Furiosos - Operação Rio é: um arrasa-quarteirão, filmado com maestria no Rio de Janeiro. Uma cena é melhor que a outra. O diretor Justin Lin soube aproveitar a cidade que chamam de a mais charmosa do Brasil. Como Hollywood gosta de fazer e todo brasileiro curte assistir, as tomadas feitas no Rio foram muito bem produzidas, principalmente as aéreas - lembrou de Tropa de Elite 2? Eu não!
A comparação entre Tropa de Elite 1 e 2 com Velozes e Furiosos 5 pode não ser justa, mas não há como não relacionar um ao outro. O filme fará sucesso no Brasil porque traz a realidade de uma cidade do país. E gostamos de ver a nossa desgraça realçada - o dia que fizerem um longa nacional, ao estilo de Onze Homens e um Segredo, vão chamar de lixo.
Outro contexto para ressaltar entre Tropa e Velozes 5, é que o filme americano pega pesado na corrupção da polícia carioca. Mostra um esquema em que o governador é o chefe de toda a malandragem dentro e fora das comunidades - corrupção, cartéis de drogas, traficantes, etc. O que Diesel, Paul Walker e Johnson fazem para acabar com tudo isso? Armam um esquema quase suicida para deixar o chefão na mão e sem dinheiro. Conseguem, em uma cena forçada, típica do cinema norte-americano, mas que deixará muito espectador babando e vibrando. Secretário Nascimento, é assim que se faz!
Há vários pontos para mostrar em Velozes e Furiosos 5 que denigrem a imagem do Brasil, principalmente a do Rio de Janeiro. Johnson é um agente pra lá de especial do FBI. Ele chega ao Brasil para comandar a caça aos fugitivos (Walker, Diesel e seu comparsas). Logo ao chegar, ele é recepcionado por um policial corrupto. Pede uma intérprete da polícia com quase nenhuma experiência e depois fala: "Escolhi você porque acho que a sua falta de experiência não a deixa ser corrupta". E o agente federal dos Estados Unidos chega detonando a polícia carioca. Isso é uma clara "amostra" da visão que os oficiais daqui têm: um bando de corruptos e nada confiáveis.
Velozes e Furiosos 5 é o filme mais explosivo da série. O que menos tem cenas de carros, mas quando surge na tela um "american muscle" é de arrepiar. A união de Walker, Diesel e Johnson deixa o longa ainda mais explosivo. É um filme-porrada, lotado de explosões. Que mostra parte da realidade do Rio de Janeiro e o lado muito narcisista do norte-americano.
Mas, fazer o quê? Enquanto o Capitão Nascimento brinca de espingarda nos morros cariocas, os americanos mostram como um filme deve ser rodado para arrecadar a maior quantidade de dólares e arrancar suspiros do público.
Fonte: http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/diversao/2011/04/27/274216-critica-velozes-e-furiosos-5-deixa-capitao-nascimento-no-chao
Autor: Rodolfo Braz
